Postado por Fabiano Ristow
O texto do Luis sobre a comunidade “Eu odeio literatura” deu o que falar. Em poucas horas, o post do Discreto Blog apareceu entre os 20 mais acessados da blogosfera wordpressiana brasileira. Muito bonito, mas para a gente só importa quando nossa popularidade for grande o suficiente para conseguirmos garotas e dinheiro. Heh.
Houve repercussão fora daqui também. O que me (nos) chamou mais atenção foi a resposta do jornalista Paulo Polzonoff Jr. em seu site. Num texto muito bem escrito (sem sarcasmo), ele questiona a atitude do Luis em fazer comentários “jocosos” às citações dos membros da comunidade.
“Muito mais assustador do que ver (ler) pessoas que odeiam livros e que acham que tudo deva ser queimado é ver (ler) pessoas que, por mais livros que devorem, são incapazes de compreender e aceitar o outro”, diz Polzonoff. Faz sentido. Mas eu gostaria de opinar.
O problema não é eles não gostarem de literatura; minha mãe não gosta de ler, e nem por isso a considero pior que os outros. O problema é a intolerância implícita (ou até explícita) nas mensagens. Muitas daquelas pessoas não se limitam a dar sua opinião pessoal; elas vão além, porque julgam quem lê, seja condenando a professora de literatura, seja chamando os escritores de vagabundos; ou pregam atos de certa inspiração infanto-fascista, como a queima (veja só) de livros. A crítica não é tanto à opinião quanto à postura.
Temos de ter a humildade de saber que nossas visões sobre as coisas são exclusivamente nossas. Só então a gente pode mudar a forma de pensar das pessoas que nos cercam (e vice-versa), pelo diálogo, não pela ignorância.
Paulo diz em seu texto: “O fato é que literatura não é para todos – assim como a linguagem de programação não é para todos, a física nuclear não é para todos e a matemática não é para todos.”
Sim. Eu, por exemplo, odeio matemática, não é para mim. A diferença é que reconheço sua importância. O teclado em que digito agora não existiria sem ela. Nem o livro como o conhecemos, na verdade, se pensarmos que dela dependem as poderosas máquinas dos parques gráficos das editoras. Todas aquelas matérias são importantes, não duvido disso.
Mas, aqui, gostaria de incluir um adendo. Na minha opinião, o que torna a literatura fundamental e essencial para a nossa existência é, como o Paulo colocou em seu texto, “sua capacidade de compreender os outros”. Talvez seja esse seu diferencial. A arte, não só a literatura, nos torna pessoas mais civilizadas. E, como seres humanos que vivem em função da interação com outros seres humanos, o que há de mais valioso que isso?
Ps.: O Discreto Blog da Burguesia aproveita para dizer que agora nosso endereço também é http://www.discretoblog.com.br. Atualizem, se quiserem, seus Blogroll, feeds, post-it etc. :) Beijos discretos.