Postado por Rodrigo Pinder
Como este será um post informal (i.e. inútil), valerei-me da velha técnica de começar com uma anedota para ganhar simpatia.
Eu devia ter uns 13 ou 14 anos quando fui ao cinema ver Anjo Malvado (aquele onde o primo do Frodo, Macaulay Culkin, é um anjo malvado). O filme abre com um jogo de futebol colegial (meados de 90 foi a época em que o soccer começou a ficar semi-popular nos EUA) e, como esperado, alguém faz um gol. Nesse momento, um homem sentado no fundão da sala se levantou e gritou GOOOOOOOOL! com toda força de seus pulmões. Todo mundo riu. Foi a melhor parte do filme. E o cara não abriu mais a boca até o final.
Esse momento ficou gravado na minha memória mais do que o próprio filme [1], evidência de que esse tipo de manifestação inspirada é raríssimo.
As verbalizações mais freqüentes são invariavelmente inúteis e quase certamente incômodas, a sala de cinema tratada como a sala da casa da mãe no almoço de Domingo. Isso faz meu sangue ferver. Eu entenderia se alguém gritasse “fogo” ou “estupro”, ou algo do tipo. Nesses casos hipotéticos eu até apoiaria interromper a projeção e acender as luzes. Mas esses casos hipotéticos nunca aconteceram em nenhuma das sessões em que estive. Papo furado, no entanto, sempre foi quase certeza.
Decidido a fazer alguma coisa, embarquei em uma pesquisa antropológica onde defini os conceitos básicos da Arte De Arruinar A Diversão Alheia (ou ADAADA, porque eu gosto de palíndromos). A mais importante descoberta foi que, apesar da espontaneidade e do improviso serem inerentes à pratica desse hábito, é possível definir sete grupos que compartilham certos padrões de comportamento. Conheça-os após o jump.